Um dos maiores desafios para quem trabalha com design gráfico é saber quanto cobrar pelos seus serviços. Cobrar pouco demais pode desvalorizar seu trabalho e te levar à exaustão. Cobrar demais, sem justificativa, pode afastar clientes. Neste artigo, você vai aprender como precificar serviços de design gráfico de forma estratégica, profissional e sem medo de errar.
Por que é tão difícil precificar no design?
Diferente de produtos físicos, o design é um serviço intangível e personalizado. O tempo gasto, a criatividade, a experiência e até o valor percebido variam de projeto para projeto.
Além disso, muitos iniciantes cometem erros como:
Copiar preços de concorrentes sem contexto
Cobrar “por arte” sem entender o escopo
Trabalhar com base no achismo ou no que o cliente quer pagar
Fatores que devem ser considerados na precificação
1. Seu custo operacional
Antes de qualquer coisa, entenda quanto custa para você trabalhar. Isso inclui:
Internet
Equipamentos (notebook, tablet, etc.)
Assinaturas de softwares (Adobe, Canva Pro, etc.)
Energia elétrica
Impostos e MEI (se for o caso)
Tempo investido
Cursos e especializações
Monte uma planilha com seus gastos fixos mensais. Isso vai te ajudar a definir o valor mínimo por hora que você precisa receber.
2. Tempo médio por tipo de serviço
Anote quanto tempo você leva, em média, para realizar cada tipo de trabalho:
Criação de logotipo
Post para redes sociais
Identidade visual completa
E-book ou diagramação
Cartão de visita
Arte para impressão
Site ou landing page
Multiplique esse tempo pelo seu valor por hora e você já terá um preço mínimo técnico.
3. Complexidade do projeto
Projetos mais complexos exigem mais estudo, planejamento, briefing e revisões. Leve isso em conta:
Há pesquisa de referências?
O cliente exige algo exclusivo ou personalizado?
É algo estratégico ou apenas visual?
Você vai usar ferramentas específicas?
Quanto maior a complexidade, maior deve ser o valor cobrado.
4. Valor percebido pelo cliente
Um logotipo para um pequeno negócio local não tem o mesmo peso de um logotipo para uma startup com investidores.
O valor percebido do design pode variar com:
Tamanho da empresa
Segmento de atuação
Visibilidade do projeto
Urgência na entrega
Finalidade da peça (uso em eventos, campanhas, etc.)
É justo ajustar os preços de acordo com esse cenário.
5. Concorrência e posicionamento
Conheça o mercado, mas não se baseie apenas nele.
Existem três tipos de posicionamento:
Baixo custo: alto volume, preços baixos
Intermediário: bom custo-benefício
Premium: preços mais altos, atendimento personalizado, exclusividade
Escolha onde você quer estar e alinhe sua comunicação com isso.
Métodos de precificação mais usados
1. Por hora trabalhada
Você define um valor por hora (ex: R$ 50/h) e estima o tempo necessário para concluir o projeto.
Vantagens: justo, baseado em dados
Desvantagens: difícil de aplicar com clientes que só querem saber do valor final
2. Por projeto
Você analisa o escopo, prazo e complexidade e propõe um valor fechado.
Vantagens: mais simples de apresentar ao cliente
Desvantagens: exige experiência para evitar prejuízos
3. Por pacote de serviços
Muito usado para redes sociais, onde você vende, por exemplo:
12 artes/mês
20 stories animados
1 reunião mensal
Planejamento de conteúdo
Vantagens: previsibilidade e fidelização do cliente
Desvantagens: pode levar à desvalorização se não for bem estruturado
4. Por valor percebido
Você cobra com base no impacto que o design vai gerar para o cliente.
Exemplo: um logotipo para uma nova franquia nacional vale muito mais do que para um microempreendedor local.
Vantagens: alta lucratividade
Desvantagens: exige bom posicionamento e comunicação
Como calcular seu valor por hora
Um modelo simples para iniciantes:
Some todos os seus gastos mensais fixos
Adicione um valor desejado de lucro/margem pessoal
Divida pelo número de horas que você pretende trabalhar no mês
Exemplo:
Custos: R$ 1.200
Lucro desejado: R$ 1.800
Total: R$ 3.000
Horas disponíveis no mês: 120 horas
Valor por hora = R$ 3.000 ÷ 120 = R$ 25/hora
Se você quiser lucrar mais, aumente a margem.
Dicas práticas para não errar na precificação
Nunca cobre por arte sem entender o briefing completo
Tenha uma planilha padrão de orçamento
Sempre deixe claro o que está e não está incluído
Trabalhe com contrato para formalizar entregas e revisões
Aplique reajustes em clientes recorrentes, com aviso prévio
Evite “baixar preço para fechar”, sem ter clareza de lucro
O que fazer quando o cliente diz que está caro?
Muitos designers abaixam o preço na hora por medo de perder o cliente. Mas antes de fazer isso, tente:
Explicar o valor do seu trabalho: fale de tempo, estudo, exclusividade
Apresentar o custo-benefício: mostre resultados, depoimentos, portfólio
Oferecer uma versão reduzida: com menos entregas, menos revisões
Manter a postura profissional: quem desvaloriza no início, tende a dar mais dor de cabeça depois
Conclusão: seu trabalho tem valor — precifique com confiança
Precificar bem é parte fundamental para ter um negócio de design saudável. É o que garante sustentabilidade, crescimento e reconhecimento profissional.
Use dados, tenha clareza, organize sua estrutura de preços e valorize sua entrega criativa. Clientes bons pagam bem por profissionais que se posicionam com firmeza e mostram o impacto do seu trabalho.
